Natural de Salgueiro-PE, a senhora Adolfina Pacheco Sá dos Santos chegou a Lajedo ainda jovem, acompanhando sua mãe, a professora Osvaldina Sá, que veio ao município para exercer o magistério. Foi em Lajedo que Adolfina conheceu o jovem Washington Pacheco de Medeiros, com quem se casou em 26 de fevereiro de 1951, unindo-se a uma tradicional família local.

     Juntos, viveram grande parte de suas vidas em Recife, mas mantinham vivo o elo afetivo com Lajedo. Washington, cidadão multifacetado, atuou como agente de estatísticas, chefe de escoteiros, professor, escrivão, político, delegado de ensino e seresteiro. Seu nome chegou a batizar uma escola municipal em sua homenagem, reconhecimento por sua dedicação à educação e à vida pública lajedense.

     A senhora Adolfina trabalhou durante muitos anos em cartório na capital, até que, ao se aposentar, decidiu retornar para Lajedo, município que, segundo suas próprias palavras, “foi o que mais lhe marcou dentre todos por onde ou”. Apaixonada pelas tradições, pela cultura e pela história local, tornou-se uma verdadeira guardiã da memória lajedense.

     Seu acervo pessoal era impressionante: fotografias, documentos raros, utensílios e relíquias dos primeiros habitantes da cidade, cuidadosamente preservados ao longo dos anos por sua família. Dona Adolfina possuía uma memória privilegiada, repleta de histórias e detalhes que encantavam quem a ouvia — uma testemunha viva do ado de Lajedo, cuja sensibilidade histórica impactou gerações.

🌟 Um Encontro que Mudou a História

   Foi essa paixão pela história local que a aproximou do jovem Paulo Henrique Dias, então estudante e pesquisador, que viria a se tornar advogado, professor de história, escritor e presidente do Museu Lajedense. O vínculo entre os dois rapidamente ultraou a iração mútua: “Costumo dizer que ela foi uma avó adotiva para mim”, afirma Paulo com emoção.

    Essa amizade frutífera inspirou e fortaleceu o projeto do livro “Lajedo: Uma História de Lutas, Conquistas e Glórias”, lançado em 2013 com apoio do Prêmio Agente Jovem de Cultura – Governo Federal (2012). A própria Adolfina redigiu uma análise crítica da obra, sendo uma das maiores incentivadoras do projeto, além de parceira constante nas longas conversas recheadas de memória e afetividade.

🕊 Uma Homenagem que Ganhou Forma

     Adolfina Pacheco faleceu em 19 de agosto de 2015, em Recife, sendo velada na Prefeitura de Lajedo e sepultada no Cemitério Santo Inácio, em meio às homenagens da comunidade. Seu legado, porém, estava apenas começando a ser eternizado.

    Em 2017, movido pelo sonho que Adolfina tanto alimentava em vida — o de ver criado um museu para preservar a história de Lajedo —, Paulo Henrique fundou oficialmente a associação sem fins lucrativos:
👉 Museu Lajedense Adolfina Pacheco Sá dos Santos.

   Registrado em cartório, na Receita Federal e junto ao Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), o Museu ou a ter base legal para desenvolver projetos e captar recursos. O primeiro deles foi a criação do portal:
🌐 Rede Virtual da Memória Lajedense, um espaço online destinado a reunir, preservar e divulgar os acervos históricos de Lajedo e seus protagonistas.

🖼 Uma Missão de Futuro com os Olhos no ado

   A proposta do Museu é clara e valente: digitalizar, catalogar e tornar ível o acervo histórico de famílias lajedenses, oferecendo uma base rica de pesquisa para estudantes, professores, historiadores e curiosos pela cultura local.

   Mais que homenagear sua madrinha afetiva, Paulo Henrique materializou o sonho de Adolfina, oferecendo à cidade um projeto concreto, sustentável e apaixonado, que reverencia os que ajudaram a construir Lajedo.

   O Museu Lajedense é, portanto, memória viva, afeto transformado em missão, e história contada com verdade e emoção.